terça-feira, 26 de julho de 2011

Esmagador de Mel

Todos os anos quando chega a altura  do Natal existe um momento que me marca. 

Na altura da Cresta lembro-me do Natal e vice-versa.

Amassar as filhoses e comer a massa crua, saborear e provar o mel dos favos.

Nesse momento penso nos favos,  antigamente os favos também eram  amassados como as filhoses. Passado algum tempo de amassar as filhoses e tratando-se de um processo manual, artesanal, começo a ficar cansado, especialmente os braços, mãos e com algumas gotas de liquido a surgirem pela cara.
É nessa altura que me recordo dos meus tempo da minha infância, recordo-me que os meus avós me diziam que existiam algumas pessoas,  que não tendo força  nos braços e sendo idosos que amassavam as filhoses com os pés, pois não queriam ficar a traz dos seus confrades na degustação de tal iguaria.

É claro que parece algo chocante actualmente, nas nossas mentes mais modernas, mas os tempos eram outros não existiam as máquinas automáticas, existia falta de metal dentro dos bolsos. O certo é que uns pezinhos bem lavadidos, são igual a umas mãozinhas bem lavadinhas, e o choque térmico ao colocar as filhoses dento do azeite a ferver matavam de certeza todo o bichinho.

Existe um principio inerente que é que as pernas têm mais força que os braços, e por sua vez os pés tem maior superfície que as mãos.

Existia a ASAE? De certeza que não!!!

Aproxima-se a altura mais alegre da agricultura, a vindima. Aqui antigamente também se usava os pezinhos para esmagar as uvas, claro que depois de bem lavadinhos.  Tradição que ainda se mantém para o turista ver, no entanto as modernices substituíram o homem por  máquinas que simulam os métodos antigos, só que agora os pés são de aço.
Algo parecido com esta máquina em  desenho.


Nunca vi nenhuma pessoa fazer o pino e usar as mãos para esmagar as uvas. 

E no mel também se faria o mesmo? 

Será que os princípios do azeite não se aplicariam ao mel comprimindo os favos e esmagando-os debaixo de pedras enormes?
É uma questão que não sei responder pois nasci numa geração, que já só usava colmeias moveis, e fui convocado a usar as máquinas complexas, gastadores do vil  metal o e sugadoras de energia .
São máquinas que nos sugam o metal preciso dos bolsos inicialmente e posteriormente e de uma maneira tão eficaz que não nos damos conta, pois o circo já esta montado, e faz parte do sistema. Até nos sugam tempo de vida.

Ir contra, é como perpetuar uma heresia, ser excomungado da religião e não ir para o paraíso.

Agora é impensável esmagar os favos com as mãos ou pés, pois está presente o vil metal que corta a carne e atrapalhas as máquinas. Ai, ai, que trabalhoso por um novo arame, retirar as impurezas da ranhura, esticar o fio até dar umas notas de música, por uma folha de  cera nova soldar, tempo perdido a trabalhar para as abelhas que cada vez são menos e produzem menos.
                          Mais vale a pena é comprar os quadros já com a cera  no dito sitio.
Pois é, no clima não se manda, mas nos boletins estatísticos de entidades imaculadas, cada vez mais uma colmeia é recordista de produção.
Penso que chegará o dia que cada colmeia vai produzir por dia o equivalente a um bovino, talvez fruto de um erro estatístico ou de um apuramento de raça Iberiensis. 

Como apuramento genético agora que já se descobriu o o código genético da apis mellifra, provavelmente sará cruzado com algum insecto alado que se siga a lua.

Será que não podemos recuar para uma apicultura como os nossos antepassados a praticavam?

Vamos ver: ASAE, IAE, IFARMED, IRS, IRC, IVA, contabilista, pagamento por conta,combustível, infraestruturas de apoio, IMI, transporte, seguro de veículos e vida, materiais apícolas, medicamentos, casa (tenda, roullote, autocaravana),electricidade, gaz, água, meios de comunicação,  etc.....

Ups:  Trabalhadores ou colaboradores: refeições, seguros, etc........

Não é necessário ir ao lava pés,  recuar até essa data, mas devemos ver se não estamos a caminhar para o precipício.
Regressar as origens e deixar que as bases da apicultura falem é o caminho.   

Apicultores e colegas de profissão olhem para o passado onde coexistiu o cortiço e a colmeia móvel inicialmente. Hoje o preço da energia não permite devaneios, atenção aos últimos anos e os que estão para vir, pois o clima esta marado.